
Roteiro 08.
Movimentos sociais
A aula ou oficina busca debater os movimentos sociais para promover uma reflexão a respeito dos modos populares de organização e de luta. A proposta é abrangente o suficiente para ser um momento destinado a participantes e não participantes de movimentos sociais. A partir das experiências e das reflexões de Lenira Carvalho, será possível investigar as relações entre ação coletiva, organização política e transformação social.
Lenira Carvalho tem importantes contribuições para pensarmos a respeito das identidades e ações coletivas. As suas reflexões surgem de seu trabalho, do seu processo de engajamento e de sua prática cotidiana de defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas. Ainda que estivesse atenta às especificidades das lutas das domésticas, Lenira buscou sempre articular as lutas sociais. Acerca disso, Bernardino-Costa sugere que chamemos de “interseccionalidade emancipadora” a articulação das trabalhadoras domésticas com movimentos negros, sindicais e feministas. Nas últimas décadas, essa articulação, com o protagonismo das domésticas, foi um fator central na conquista de direitos trabalhistas. A experiência e as formulações de Lenira Carvalho ensinam que a atuação política é feita com alianças, cooperações e redes que permitem que os setores subalternizados resistam aos padrões de poder.
Em termos mais conceituais, as teorias dos movimentos sociais têm várias perspectivas e autoras centrais. Apesar de importantes divergências entre elas, todas buscam dar conta de como se constituem e como atuam os sujeitos políticos coletivos. Para a construção deste roteiro pedagógico, nos fundamentamos nas contribuições de dois teóricos: Alberto Melucci e Charles Tilly. Os dois abordam o caráter conflitivo da política com o interesse de entender como os movimentos sociais contribuem com mudanças na sociedade. Melucci nos permite compreender as ações e as identidades coletivas com um enfoque nas interações entre os indivíduos e nas suas intenções. Tilly nos ajuda com seu debate sobre os repertórios de ação coletiva que constituem a atuação dos movimentos sociais.
Objetivos
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Introduzir uma reflexão teórica sobre os movimentos sociais.
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Promover uma discussão coletiva sobre o engajamento e a atuação dos e nos movimentos sociais.
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Para aprofundar
Movimentos sociais e ação coletiva (2015), episódio do podcast Café com Sociologia.
Feminismo como movimento social: elementos para pensar a prática (2020), de Carmen Silva. Capítulo do livro Para onde vamos? feminismo como movimento social.
FMPE - Imagens de luta. A publicação é fruto de um processo de imersão no acervo fotográfico do Fórum de Mulheres de Pernambuco. A pesquisa foi realizada como parte do projeto Rastros e Levantes, pela comissão de Memória do FMPE, Marcela Lins e Guilherme Benzaquen.
Memória e Movimentos Sociais. Projeto que reúne fotografias, de cunho etnográfico e documental, de autoria da fotógrafa Claudia Ferreira e tem como missão contribuir para o resgate da memória dos movimentos sociais contemporâneos e ser uma fonte de Fotografia Pública dos movimentos sociais brasileiros, especialmente os movimentos feministas.
Decolonialidade e interseccionalidade emancipadora: a organização política das trabalhadoras domésticas no Brasil, artigo de Joaze Bernardino-Costa publicado na Sociedade e Estado, v. 30, p. 147-163, 2015
A invenção do presente: movimentos sociais nas sociedades complexas, de Alberto Melucci.
Movimentos sociais como política, artigo de Charles Tilly publicado na Revista Brasileira de Ciência Política, n. 3, p. 133-160, 2010.