Roteiro 04.
Escravidão e racismo
Os debates em torno dos temas escravidão e racismo são amplos, sobretudo se levarmos em conta os variados subtemas, autoras, perspectivas e discussões em torno dessas problemáticas. Nessa proposta de aula ou oficina, portanto, não temos como intuito dar conta de todo o debate sobre esse universo. A proposta é refletir, a partir das contribuições de Lenira Carvalho e Lélia Gonzalez, sobre como o trabalho doméstico nos permite compreender as relações entre escravidão, racismo e o mundo do trabalho no Brasil. Para isso, temos como ponto de partida o pensamento de Lenira Carvalho exposto no documentário Digo às companheiras que aqui estão e no livro A luta que me fez crescer e outras reflexões e o artigo “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, de Lélia Gonzalez.
As conexões entre escravidão, racismo e trabalho doméstico levantadas por Lenira Carvalho podem ser discutidas a partir de dois temas que se relacionam e nos ajudam a entender a dominação e a exploração vividas pela categoria: a conquista de direitos e o reconhecimento da dignidade humana dessas trabalhadoras. As reflexões apresentadas por essa pensadora sobre o lugar e as condições de exercício do trabalho doméstico têm afinidades com o que Lélia Gonzalez elabora sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira com base nas figuras da “mulata”, “doméstica” e “mãe preta”. No pensamento de Lélia, essas três categorias ajudam a entender diferentes facetas do lugar atribuído às mulheres negras na nossa sociedade.
Neste roteiro pedagógico, propomos um diálogo entre as duas pensadoras, buscando refletir sobre as seguintes perguntas: como as dimensões de gênero, raça e classe atravessam o trabalho doméstico? Existem elos que conectam o trabalho doméstico no Brasil de hoje ao nosso passado escravocrata? O racismo presente na sociedade constrói as condições dentro das quais o trabalho doméstico é exercido?
Objetivos
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Refletir sobre as relações entre escravidão, racismo e o mundo do trabalho contemporâneo.
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Discutir como o trabalho doméstico situa, ao mesmo tempo em que amplia, a discussão sobre escravidão e racismo.
Subsídios para o Momento 3.
Trabalho análogo à escravidão na contemporaneidade
Reportagem Empregada doméstica que viveu 29 anos em situação análoga à escravidão receberá R$ 1 milhão, publicada no site do Tribunal Superior do Trabalho no dia 08 de julho de 2022.
Reportagem Reconhecida caracterização de trabalho em condições análogas à escravidão em fazenda de Mato Grosso, publicada no site do Tribunal Superior do Trabalho no dia 11 de maio de 2022.
Para aprofundar
Racismo e sexismo na cultura brasileira, artigo de Lélia Gonzalez publicado na Revista Ciências Sociais Hoje, São Paulo, p. 223-244, 1987.
Trabalhadoras domésticas e políticas de cuidado. Nota Informativa nº 2/2023 do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome/Secretaria Nacional de Cuidado e Família.
Fotograma (2016), de Luís Henrique Leal e Caioz.
A ladainha da democracia racial. Apresentação de Lilia Schwarcz (2018).
O país que não se aceita negro (2020). Episódio do Podcast Vidas Negras.